Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


terça-feira, 25 de junho de 2013

Uma carta e um pedido

Não suporto os elogios.

A cada palavra eu apodreço, 
Os olhares e sorrisos escorregam
Mofam,
Silenciosos-brutos, em meu chão. 

Observo os versos recentes

Enojo-me
Tamanho chorume que nutre tudo.

Vejo que consumo um grande vazio

Perdi, perspicaz, o caminho das palavras
do sentido e da razão.

Sofro 

Por tanta vitalidade...

(Meu filho, compreendo que o berço da morte me acalanta há tempos e não ouso fingir um verso sequer.) 

Sou o meu nada
mais profundo (hoje)
dos nadas que me fui.

Sofro de mim
isso anula.

Quem desejava? 


Encomendaram alegria e amores...
Negociei a arte
a parte no contrato obscuro 
e vendi almas por preços chorosos.
Meus deuses, as suplicas são puras,
sem controles 
sem acordos leves.

Não me doem os elogios
homófonos e homógrafos.  

Preciso da solidão absoluta.
A solidão da alma no mundo
Aquela que esfria o existir dos condenados ao exímio prazer, e tortura, do sentir.


By Camila Passatuto

quarta-feira, 19 de junho de 2013

No discurso

Durante os afrouxes de sua voz
Vi rascante tantas almas.

Observei as lábias comerciantes
E os joelhos russos,

Eram amantes que fugiam
Sem notas delicadas
Em peles vermelhas

Vide as meninas
Mal amadas.

Devoto de tudo que ali
Eu aqui anotava

Pois, depois, quem iria
A mim
Macular a história.

Testa
Minha
Por tua mão
Rachada.

Vi homens mortos
Sem leitos
Sem pálpebras.

Ruinoso foi
Cada montante
De cada palavra

Hoje acanho meu corpo
Na cadeira nova
Que doaram à poeta

Não leve de mim
Nem traga

A imortalidade
Eu ouvi
Naquela praça.

Dia comum
De ar seco
Bocas abertas,

De mentes
(Vazias)
Um tanto
Fechadas.


By Camila Passatuto

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Recado

Marginalizo o amor. Talvez para tê-lo como mestre e não como fonte daquilo que quero. Marginalizo o amor. Por pura alegoria dos corpos que em mim trafegam. Por repetições caóticas sem síntese em meio tanta poesia. Marginalizo por amor, rebeldia e esperança. Talvez para o real tocar o imaginário; sempre às margens de um sentimento que nunca me sabe, que nunca o sei...

By Camila Passatuto

terça-feira, 4 de junho de 2013

Alors il ya la vie

Ela namora meu quente.
Extrapola.

Vizinhança beata,
Maria,
Goza.

Ela namora minhas pernas,
Adentra quando quer.

Os meninos-fontes
Brincam na praça

Impolutos,
Virgem-Maria!

Ela namora meus dedos,

Adentro n’alma
Quando lembro...

(Repelo
Apelo)

Fúsil de anular
Tanto amor,

Era guerra de povos distantes
Que poema meu cinzou.

E ela se apoia no batente
Olha minhas nuvens
Ajeita um sentimento

Esquecemos

E escrevo um livro
Enquanto a vida
Me permite
Brando amor.

By Camila Passatuto