Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


sábado, 29 de dezembro de 2012

Três Acidentes Poéticos


Coloquei minha paz na janela.
Acreditei.

Voar sem as mariposas,
Era sensação a sentir
A partir.

E caiu dos passos de andar qualquer...
Era ela
           Tão rápida e ávida de escuridão.

[Os guardas noturnos
Nunca foram amigos.

Levaram os meus
Mataram os nossos.

Nunca mais pude ser;
E eles azuis em fardas
Adormeciam os garotos
Em vermelhos silenciosos.]

Eu, já, nunca mais...
Nunca mais abranqueava.

Os vasos na varanda
Um cheiro de verde
Um equilíbrio de planta.

De um esbarro
Distraído
Inocente
Lá se foi
Minha paz
Pela janela
A matar na calçada
A mais bela das belas.

Voar sem as mariposas
Esse foi um pecado
Oh pecado
De verso cidadão
E lá se foi minha liberdade
Presa em papel
De grades finas.

Amargo de espelhar

Então
Sentei miúdo
Do meu outro lado
E pude em mim
A mim mesmo
O meu eu
Cativar. 

By Camila Passatuto

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Do mundo absurdo. Da vida absurda


Deixe-me rolar só um pouquinho,
Encaixar holocausto em pernas.

Meus versos crescem tão breves.
Percebe o delírio que escapa?

Deixe-me repetir a primeira estrofe
Lembrar nossos lírios
Nossos cílios molhados
Mar que te levava aos poucos
E te retornava chuva ao final da tarde.

Minhas rimas estão frouxas.
Percebe o delírio que escapa?

Fico pelo espaço
Na espera do nosso amanhã
No querer justo do andar
Da pátria azul que sonhávamos.

Os desejos andam puros demais
Resultado de nadas em guerras.

Na guerra do mundo absurdo.

Deixe-me ciranda
No quintal de terra batida
No fim de uma saudade que provoco.

Deixe-me livre
Deixe-me branco
Deixe-me decassílabo.

Assopra minha existência
Entre teus lábios firmes.

Deixe-me ser poesia
Nesse caos
de vida.

Nesse caco de vida absurda.

By Camila Passatuto

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ato 1


Andei até a esquina; apenas flores mortas na vitrine amarelada... prontas para alegrar moças inseguras. Passo a passo até a autoestrada e carros corriam cegos para lugares que eu sabia - não estava o que queria minha rasgada alma.

O espelho sempre foi o melhor lugar. Olhei e não vi.

Talvez acabasse a procura e o objeto procurado. Acabou sem saber, sem saber-se... Sem eu saber o que era aquela minha jornada maluca.

Perceba... As luzes casadas com os pingos de chuva, o som do outro lado do bar e olha lá... Não. Não era ela - a felicidade que me desejava.

Deitei na cama. Desprovido de sussurros e forças. Lembrei e vi flores ao redor, senti os pneus ainda quentes em mim, pude ver minha face amarga e branca demais... Deitei em mim e isso não mais adiantava. 
Era  madeira morna e senhoras aos prantos. Olha lá... Era eu a comemorar. Era a morte falando baixinho e meu espírito a escutar.

Vamos, deixe o corpo esmagado para os vermes, venha que é hora de chá na academia. Venha que as ninfas de ilha qualquer estão a dormir e a sonhar. Venha que andar até a esquina com os olhos fechados foi perigoso demais.

By Camila Passatuto

sábado, 8 de dezembro de 2012

Insatisfação


Indo ainda lá no longe
O maltrato da vida
Rompe nas guias vazias
A amante poesia.

O branco da página chora,
Grita a dor das ideias absurdas.

Tenho medo, tens também.

E fico calmo.
Ora sim e ora não.

Chega o som da campainha,
Passos soldados a amedrontar...

Percebo que  poesia cansou
Deitou menina em meu colo.
Chorou.

E espaço.

Confusa me fez confessar.

Quero de ti abrigo,
Os porquês dos inaptos,
Vazios alados, meio vida.
Certa lâmina do saber.

Tirou do colo aquilo que me deitava a mente.

E fico calmo,
Vejo
Escrevo.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Luto

The Doors na gafieira
E minha nega está éter na parede branca

Todos deixam de observar as tonalidades
E empurram o prazer para dentro.

Eram pés e braços
Em um ritmo que assustava.

Pensamos que somos
E acabamos quase nada.

Eram pés e braços
Em um carnaval sem mulatas.

Queria a luz
Possuir a matéria.
Queria eu
Conservar em plano superior
A mesmice de sempre.

Pois,

Gritou que doeu
E eram pés e braços,
Minha nega, a esmagar.

By Camila Passatuto

Non


Não sei amores
Do pouco que amei
Fiz folhear
As mãos
Em mim.

By Camila Passatuto

Hoje, agora, minuto, apavora.


Será que o tempo passou
Comeu o que era
E se foi com os papéis?

Diga e acorde em seguida.

Um, dois, três...
Mais burros desconstruindo
Or mais limpos entendendo?

Será que tempo passou
E levou de mim
O pouco de paixão
Que herdei...

E sem ponteiros 
Time comes...
Tempo devora
 E acalanta o agora.

By Camila Passatuto

Poema para as tardes


Todos na calmaria de seus ninhos
E passo, ao chamar calada, o que procuro,
 – Você ficou tempo demais em mim –
Eu te amo, Eu te amo e oras! Perdi...

Sinto que poderíamos,
Mas a humanidade
Deixou de percorrer
O caminho dos olhos

(Alguém derramou vermelho demais)

Escalamos as montanhas
E lá, em alto voar,
– não agradamos o superior –
Não agradamos a própria excitação.

(O que seria poesia? – Perguntou em gemidos)

Inutilidades!
Estamos aqui,
Presos na liberdade que cederam.

Todos na calmaria de seus ninhos...
E eu descalça
Das palavras simples
Das frases compostas
Dos adjuntos que corrompem.

Só desejo o cru daquela
Tinta pouca
Esquecida no alto-calante
(Calante)
De algum desorientado.

Morremos e em luto
Passamos por ela:
Viela Adoniran Barbosa.

(Por que grande avenida
Se as almas que salvou
Eram nobres
De suas malocadas paulistas?)

Obs.:
Deixei de rimar e fazer
Sentido, amor,

Nessa tarde de ninhos.

By Camila Passatuto

sábado, 1 de dezembro de 2012

Das Brisas ( O que não pude salvar na alma dos que ficavam)

Passou e não pude raptá-la.
Pus-me a observar
Como calango sofredor.

Isso - assim - me confortara.

Quebravam as dores
No expoente de praia
- Apenas as sombras me eram -
Quem a ti em ti surfara?

E os olhos rubros de idas
Eram de mim o que em mim
Mais bonito o tempo estagnava.

Passou a fome de filha?

Fiz anotá-la,
Em paranoia de poeta.

Ela em mim (assim)
Pra sempre ficara.

By Camila Passatuto

domingo, 18 de novembro de 2012

Pontuar

Os olhos
Aos alhos
 - Percorrem minhas
(agonias -
            famintas)
- de temperos -
         "em água..."
               Sem lágrimas.


By Camila Passatuto

Ode à Vergonha (Brazil)

Depois daquela tarde – espiei melhor os olhares -
Alertavam, em si, moedas em louvor.

Depois dos tons (dos tombos);
Muita alma,
Pouco amor.

Permitamos.
Oh, virgens, permitais.
(Sexo Arcanjo)

Adentrou os documentos
Restou um país (calçolas e liras)
Terra sem cais, sem mais...

Leis absurdas
Que devorastes os versos miúdos,
Filhos da ponte: devolvam minha honra de anti-herói.  

E penso
Ao lado
Esquerdo.

E lento
Direito.

Sigo moderno,
Cinza do que foi,
Paramos parâmetros cotidianos.

Choro como risos em ti,
Fácil de esquecer
Aquilo que mata
O bom de nós...
A alegria dos filhos de milênio.

E depois daquela tarde – entendi melhor os alardes –
Destronaram o certo,
Corruptos de tudo
Mancharam nossa boa juventude...

Depois do tom
Cinza
Do que foi o bom de nós.

By Camila Passatuto

domingo, 11 de novembro de 2012

Aos que lutam


Você pensou que ao colher a flor o enigma do mundo não derramaria. Mas eu estava ativo na ação, percebi todo o incomodo. Ninguém quis te deixar para trás, mas as coisas acontecem de um jeito, às vezes amargo...  Quem sabe sem paz.

Abracei (estreito) o que foi; e assim muitos dos meus suplicaram por orientações para o dia que iria seguir vermelho e inchado... Perguntam por paz.

Desesperado. Relutei dentro e fora do que vivia. Paz nos dias de hoje... Talvez um quinhão de bebida, infantaria e mentiras por cima dos muros não rabiscados.

Olho para os restos, bichos e brilhos estonteantes que somos; e que sinal lanço para salvar?

Você pensou em redenção. Porém o tempo pratica na ciranda as estratégias que bem o quer. E digo -Não manche o sorriso, não perca as bocas e as pernas noviças...
Eu pensei em gritar: Agarre o não querem ceder e escreva em boa letra qualquer felicidade, ou simples oração.

O tempo sempre é vasto e escasso, furacão de sim e não... e todos pediam por palavras, naquelas noites verdes, estranhas, feitas de lutas soltas e guerras livres de nossas mentes jovens e maciças.

Aos que lutam,


By Camila Passatuto

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Sem tempo?


Precisava de um minuto a mais em sua vida, repetir algumas palavras frouxas que residiam, ilegais, em minha garganta rouca. Quem sabe assim, em golpe esperto, você soubesse dos desprazeres que ali abrasavam mais um velho sem as promessas do amanhã.

Ao acalantar seu olhar em mim perdi as vírgulas e o passado; eu precisei me apoiar em pedaço de parede, em madeiras esquecidas nos cantos, em pernas fortes que se abriam, em mares escuros que nos submergiam...

Eu já avoava sem querer perder o chão e ganhar os ares.

Eu precisava de um minuto a mais antes de minha ida, mas ora, que triste partida... Não pude confessar, rezar, lastimar, praguejar nossa miúda história.

 Levaram-me antes, esqueceram-me depois.

E tanto eu a ti eu tinha que tudo se foi comigo.

By Camila Passatuto

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Morte em Batalha


Estive muito perto e perto demais nunca mais
Talvez centímetros e escapes de sentimento,
Ninguém predispõe em minha emoção.
E lá furtei o que pude e pudera furtar.

Permaneci cara a cara com o oposto
Gosto ruim de falar tão rende
Tão frente.
Estive correto, apesar de coxo.

Das mortes recolhidas em campo,
Avoei de lembrar as ações.

E que santo por mim hoje?

Depois dos tiros ficamos um tanto pólvora.
Um ramo em meio a procissão...
Um pouco moço, um muito ancião.

By Camila Passatuto

sábado, 6 de outubro de 2012

Da loucura ordenada

Meus monstros transpõem a janela.
Por mais que fique, eu vou.

Nada me contém.
Jamais um entendimento
Das preces
Da loucura ordenada
Dos gritos
Do labirinto em que Deus me almejava.

Nada além.

Sua pele branca no reflexo
Irisava minha paz.
Era apenas uma bandeira,
Uma pátria a defender.

E nossos soldados
Caíam 
Sobre crianças que eram...
Hoje não mais.

Consunção a minha
Diante o profano
Do sagrado viver.

Teus monstros me controlavam
Meus ombros os carregavam
Na insana noite sem perdão
Das facas mal amoladas
E de utopia
Mal planejada.

By Camila Passatuto

domingo, 30 de setembro de 2012

Visita


Vamos embora,
Essa noite não me escurece tanto.

Todos sonolentos;
Não perceberam meu rosto frio a suplicar as razões.

Vamos embora.
Partir em vão de rima,
Ah! Como era bom o tempo de nevoa em nossos óculos coloridos.

E eles ignoram nossas paixões.

As pernas, hoje, só servem para andar...

Depois de colocar a alma na escrivaninha, preenchemos a janela de propostas
E no absurdo do pulo
Estará alguém do prédio vizinho a questionar nossa liberdade.

E eles não admitem nossa ilusão.

Queremos voar por outras armadilhas, mas nosso governo ordenou a segurança.
Que tédio!
A morte só quando quiserem.

Expulsaram as cervejas.
Jimmy Page ainda goza na vitrola, agora com fones.

Aluviamos que somos,
Eles insistem que não.

Então, a saia florida atravessa rua,
Nossos olhos aprisionam beleza

(sem pretensão).

O som da lataria em sua pele desenvolve o nojo que propomos.

Vamos embora,
Já não podemos mais sangue,
Mais paz, mais os anos 70.

E eles nunca conseguiram nos obter...
Vamos.

(By Camila Passatuto)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Vida da Sinhá


Durante todo o tempo ao balançar
Escutei um caminho, em mim, versar.
Tal qual felicidade era anciã de corpo...
Eu bem tocava meu impossível, de novo.

E percebi os clássicos envolverem o baú
Caixa morta que não balançara
Ao golpe do pé.

Golpeado dançava.

E os tempos verbais
Foi cadeira estática
O que o povo falava
E política, mãe-sola, abafava

Durante toda a pequena vida
Estive a rastejar.
Era vontade menina
Era o fim a tear.

By Camila Passatuto


domingo, 23 de setembro de 2012

O grande bordel da liberdade contemporânea.

Quem será capaz de nos definir em dias de fotografia com muito zoom? Estilo... qual o seu e o meu?
Hoje almoço a liberdade da pontuação, a libertinagem do corpo, a presença de Calíope e a ironia apaixonada, descrita em pele sobre vícios modernos de mente e almas que nos beijam a testa toda manhã.
Mas quem entende a mensagem? Interpretar é livre demais.

Não erro e não erras se mensagem seguir avessa em sua alma, o que importa não é o quanto o leitor modificou o que poeta disse, mas o quanto a alma desse ser foi aflorada pelo poder que a palavra bem quis exercer.

Liberdade. Sempre avante, assusta os enjaulados e força um sorriso nos libertinos cansados.
Amém.


By Camila Passatuto

Preto Velho


Tiraram do pobre velho
Sua sina de amar
Invadiram seu terreiro
E o que restou lançou ao mar.

Vivia em calma chegada
Cada dia uma ciranda
E a vida tocava macio
A ensinar novas lembranças

Hoje ele me pediu
Um pouco de riso
De garra e maleime.
O velho menino, chorando pediu...

Não soava nem gemido...
E que maldade essa
Tirar do caboclo
Atabaques, mulatas e cachimbo?

Dizem que foi bandido
Inveja de filho
Mas não há perdão
Levar tudo que aqui era bendito.

Nosso velho preto
Nosso preto velho
Chorou uma semana
Na outra já estava esperto

Mas que maldade
Que maldade, Sinhá.
Tiraram tudo do santo
Só restou a Fé nesse Congá.

By Camila Passatuto

2005

Arrume o chapéu,
Esconda a fraqueza.
É moderno assaltar
E colocar os pés sobre a mesa.

Condenam os meus...
Malandros,
Entre jovens bêbados e abstêmicos.
O grande pecado
É não sermos idênticos...

Madame, permita explicar
Não há tesão
O volume é apenas
Muita informação.

Sem um centavo para fumar
Somos a vergonha do país
É bonito aqueles que fodem sem rimas a pobre e falsa classe média alienada.

Estou a pisar no passado.
Não pense em fazer alarde,
Não lembre,
Deixe que os livros (de história) nos escondam a verdade.

By Camila Passatuto

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Necrofilia


Pede em mim uma poesia forte
Pois estou a doar as melhores palavras;
Os torturantes versos.

Pede em mim o gozo da vida
Pois estou satisfeito de esplendor
E cais de ninharias do corpo.

Perde em mim sua paz
Labirinta em minha mente
Suas lastimas de mulher.

Pois estou pronto.
Homem.

Pois estou santo
Ao adentrar seu ventre frio,
Morto
Podre.

By Camila Passatuto

sábado, 8 de setembro de 2012

Relato Rápido do Condenado


Eu apertei forte a vontade de escapar.

Derreti as possibilidades de entender o júri que ria, consumia... Arrepiava minha pele com o terror mais suave que já pude saborear.
Não havia nada que poderia haver. Um jeito estranho de afastar a condenação.
A morte que colocaram em minhas mãos... eu nunca pude cometer. Jamais engoli os órgãos, retirei os ossos e beijei a pele solta do corpo infantil, pequeno e tímido de vida.

Eu quis chorar as lagrimas dos fortes, dizer que jamais.
Poderia o homem perdoar o inexistente? Os cães ladravam dentro dos ternos e eu injetava a falsa calma em cada um de meus poros. Eu gemia por dentro e a vontade exorbitante de vomitar não passava. Pensei que não iria aguentar nem mais uma vírgula, nem mais uma interrogação.

Eu estava nu diante aquelas pessoas. Todas com uma foice na mão, com o ódio a dominar o sentir. Eu estava sozinho, garoto pequeno e sem cobertor.

Consumado.

A morte me levou à morte.

Os passos que dava eram tão pesados, fartos do fado de crime. Eu caí. Debati. Rompi todas as dores em um grito que rasgou minha alma ao meio.
Apunhalaram meu respeito pela nuca e segui tonto. Tonto daquela justiça estranha, cega, surda e burra.

Senti as agulhas, a cadeira, os tiros e as mordidas. Os pregos de minha cruz eram grossos demais. Deixaram meu corpo  aos leões de Judá. Israel quis matar Al Capone. Hitler foi assaltado por Collor e o mundo rodava ao contrario.

Vi a dor daquela mãe partir. Partir junto a minha alma desesperada - e perdida a cada alteração de brisa. Eu vi os jornais alegrarem os cristãos com a ida daquele que nunca quis endoidecer em homicídio oculto aos olhos que ali não estavam em sangue.

E já estavam todos livres enquanto eu apertava forte a vontade desvairada de ficar.

By Camila Passatuto

Pedidos de Asfalto

Era infantil
Ínfimo
Perpétuo de escuridão.

Do desejo eu
Gramaticava o erro
Futuro que anulei.

Encrespara voz
Diante de tal
Radiante vereda.

Esculpi tela muda
Por medo e raiva
Razão fina que em mim
Mal acampava.

Era filho da estrada
Que me perdia.
Pequeno
Na grande espreita.

E a vida tremeu,
Assustada,
Cedia um pouco...
Exigia meu nada.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Recados


Não podemos cair no vício da humanidade insolente. Seguiremos alvos de vida, sem os odores das mentes fracas e mesquinhas. Não podemos nos render à fala carinhosa e cheia de espetáculos nojentos, breves e sem fundamentos.
Temos a obrigação de, livres, inebriarmos nosso futuro de sonhos e certezas puras. Iremos ler nossa história sem a mancha negra dos urubus feridos de mundo. 

By Camila Passatuto 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A procura de um povo


Deixa o querer assim...
Triste em sorriso,
Meigo de aguentar.

Bem, afagos,
Eles mentem.
Matam nossos filhos.

Deixa o poder assim...
Largado na penumbra
De mentes ansiosas.

Eu me calo
E você grita
Geme
Goza.

Pelas ruas
Um falatório sombrio.

Dizem que se foi
Insistem, procuram...
Por Deus: Sumiu!

Deixa o querer
Procurar (no livre)
O timbre de nossa alma...

... O pouco de paz
Nula, pequena.
Puta
Que nos acalma.

By Camila Passatuto

domingo, 5 de agosto de 2012

Ora e Dança...


Escuto entre paredes
Acordes que me faltam.

Esqueço as ruas
Frias e desconjuntas.

Observo mais um aprendiz
Pálido
Perplexo
E meu.

A vida nos subtrai, amigo.
Arte me esculpe
Pelas lentes grossas
De serenos e alvos.

Escuto a oração da sociedade
Perdida
Furiosa
Menina de pé machucado.

Dedilho o piano das ideias
E tudo martela em susto
Um porquê bem posto
De causas absurdas.

E sento na guia
Sem objetivos claros
Com a mente derretida
E o corpo bastardo de espírito.

Estudo entre prazeres
Alardes que me faltam
Danço pura (calma)
A nua poesia que me é capaz.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Alucinação 5


Cuidado, pequena,
A vida anda animada demais.
Os afazeres dos homens
É busca pelos teus ais.

Cuidado, menino,
As ruas espreguiçam
Os túneis rompem
É nulo o agito.

E leio nossas preces
No avesso do laço
Do embrulho mal feito
Do querer, em mim, abstrato.

E corro sem pressa
Ao léo dos adjuntos
Em ti mal formados
Em nós assolados.

E rimo
Como geme...
E rimo
Comumente...

Cuidado, minha mãe,
Seu filho voa alto
Nas margens da folha branca
Em desejo de liberdade.

Hoje sou eu
Que busco
Rompo
Agito
Assolo
Por fim, bem reflito.

Aos poucos
Em pouca voz
Falo aos céus
Suplico...

(Assim finalizo)

Quero poesia
Quero de todos muito afinco
Quero em mim a porra da paz
Sem chá ou mero absinto.

By Camila Passatuto

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Coisa de Poeta, Nega!


Devo estar rígido das ideias...
Eunuco com ilusões demais.

Ah! Ora, minha preta,
Esqueça sua tigela.

Na janela fajuta, vem,
Vem ver a rima correr.

(Penso)
Devo amargar meus antigos
Meus alinhos e leitores.

Ah! Olhe comigo a centúria
Do passado. Veja o bonito.

(Rezo ao contrário)
Devo prender o ar.
Deixar as noviças
Açoitas de minha língua.

É a razão que o mundo procura.

Devo estar poeta louco
Sozinho no rebento de
Verso mole
Verso esporão
Verso senhorial-estúpido.

(Riso)
Ah! Ora, minha nega!
Nega, minha, que nunca...
Nunca lê linha minha

Essa me expulsa de teu corpo
Sem saber dos pecados
Que sou.

Devo estar menino-escravo
Livre o bastante de não querer
Dizer ao Conde de Lá Da Puta Que Pariu
Que verso meu
Só é mel
Em boca
De nega virgem
Nega boa.

Devo estar em Nice
Acompanhado de outros
No sanatório das ideologias.

Já não sei.

E Acabo conversa prosa
De poema dengo
Com a dúvida
Do que sou
E do que me faz (ser).

Enfim, poesia...

By Camila Passatuto

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sobre qualquer ironia


Sou de prazeres na vida.
De ser o mau ser
Amar em questões
Fazer distrair.

Assobios
Que de mim
Em mim
Te querem

Afazeres na vida.
Sou palhaço
Remo maresias
Faço distrair.

Longe daqui
Bate taverna
Palavras mansas.
Fácil distrair.

Meu sangue encanta
Molha praça
Quem quis e não quis...
Fácil destruir.

Tenho afazeres na vida
Não recebo em troca
Honra nem comida...
(É poesia feita sem escolta).

E os antigos
Que temem
Alamedas de vida
E longas prosas...

Ofereço o estender
Dos versos mesmos
Que te sempre
É tormenta.

E Por fim
O final me tem
Rezo palavras
Pecados adjuntos.

Puxe primeira rima
Irei soneto eterno
Por ti, divina
E não importa os riscos.

... sou só prazeres na vida.

 By Camila Passatuto

Divida


Desenrolou seus prazeres cedo demais, era uma narrativa confusa. Mas que ponteiro a que tempo? Ora! Era breve e tendencioso em seus sorrisos. Largo em brancura de pele, abatido pela febre dos homens. Meu jovem amigo sumiu em si, morreu por nada, sem almejar poesia e esqueceu-se de gravar suas preces.
Todo dia, quando a atmosfera da solidão fere nosso espaço, lembro-me dos dessabores que provava entre dissabores alternados. Não era de se acreditar em palavras ditas por donos de pastos. Ah! E todo dia vinha àquela liberdade que se fazia em criar.
Hoje... só flores sobre ti. O cheiro de morte sempre embrulha meu estomago, mareja meus olhos e enlouquece sua falta. E sei que desenrolou da vida um pergaminho que era meu, colocou no bolso de trás e nunca mais, sei lá o porquê... nunca mais me devolveu.

By Camila Passatuto

terça-feira, 12 de junho de 2012

Do que é mero e denso


Muros que me seguem,
Portanto, pulo e risos.

A preguiça tenta tomar conta
Ignoro as condições decassílabas
Penso em suas listras em mim.

Do outro lado do meu lado
Em uma vila qualquer
Deve queimar um cigarro
Implorando em malmequer.

(Crisântemos na janela)

Erros que te ferem,
Portanto, susto e grilos.

Eu tentei uma geração
Perturbei o sino da igreja
Recitei o mais alto verso
Que caiu por ti. Hoje,
Pro alto, arremesso...

Narro hora um talvez
De escritora pedinte,
Jovem alarme
E vida, talvez uísque...
Suspiro liberdade
E nos braços
Criança morta
Tatuada de passado.

Alinho meus textos
Em poesia sem rima
Moderna que não sou
Soou para eles
A revolta em paz
Que no futuro
Os matou.

E chegam os comprimidos
Que retardam minha mente
Mas a alma pula
Salta papel
Faz dos críticos
Meros dementes.

Da loucura.

Muros que me cercam,
Portanto, pulo e curto.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Das pausas urbanas I

Ás vezes sinto falta de tinta na parede. E sem entender os transeuntes e seus baldes cheios, mancho a cidade com o meu vermelho de dentro - e rupestre que sou - desenho meu animal da alma, pingos e rabiscos assim te tinto, sem piedade do cinza que te faz... e me sirvo em tela murada... é que às vezes sinto falta de tinta na vida.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Criança

Não entendo quase nada do que é, mas faminto que sou, das verdades que invento, compreendo os ventos... os que me arrastam sem o porquê de destinos e desvarios.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O ensaio da queda dos Hipócritas (Parte I)


O chão propõe
E cavamos...
Procura de gente
Inútil por fim.

Os livros
Que te são
Sofrem
De poucas palavras.

Deixemos aos cuidados.
O gargalho liso
Overdose
Prévia de paraíso.

Subiu um tom
Recitou soluços
Aplausos
E foi-se sem verbo.

O chão dispõe
A noite fria
Virgulas famintas
Deita, poeta, deita.

Então,
O coro :
Fastidieux
Fastidieux, ami.

Télévisé
Télévisé
Cego, puto
Pobre em tudo.

Os livros
Que não te são
Sofrem
De roucas palavras.

Vibro
Pela rã
Sã de criar.

Cuspa o estilo
Deméter
Saberá (comerá)...

“Caros, amigos,
Começa hoje
O espetáculo
De falar.”

E deixam
Poeta
Fora (de fora)
Dentro de suas palavras.

Teatro cai.
Morre,
Naqueles,
O que podia ser.

O chão propõe...
E cavamos
Procura de gente,
Inútil, por fim.

By Camila Passatuto

Morte

Entre pelos trejeitos mais femininos e absorva a concordância de suas crias, pois estarei longe demais para salvar o que seja. Entre pelos trejeitos e absorva até sair cheio de saudade do que permaneceu. Filho, incesto será... sempre, cada vez que nasce você - em minha pobre-sucumbida mente - para romper (talvez) a virgindade do triste.
Saía (saia) pela filosofia mais descabida de paletó e tema as que u
sam ervas como deuses. Filho, entre pelos trejeitos femininos e dos meus conselhos... fuga atemporal de papéis. Foda as mulheres mais inteligentes e coma, sem dó, a carne dos homens tímidos. Não padeça por não ser. Seja pantano ou quase nada. Deixe de entender a vida no momento certo e cale a boca apenas quando a bala entrar pelos trejeitos mais feminos que pude acariciar.
By Camila Passatuto

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Carta ao Inimigo

Não adiante. Não creio em ruína acelerada de rancor. O pensamento garoa diagnósticos contrários ao governo que te lambe as pernas. Encontre a arma mais próxima e lute por vida sem tirar as possibilidades de seu inimigo cair em poço de vitória. Não adiante minha morte, pois o pó se vai ao vento; fidalgo de mistos homens, não adiante meu vício à minha alma, o combate é ideológico e psicótico? Só não atrasse nossa hora em batalha, o público chegou cedo e nos observou nus de guerra. Não adiante a espada que não uso a foice do entender. Não matemos antes do sino dançar, antes as mulheres se molharem e os velhos penetrarem a caverna de Hades. Por fim, ladainho. Por começo, não adiante - mais uma vez - não adiante o rancor. 


By Camila Passatuto

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ao meu filho: poesia

Meu menino de olhos claros e alma negra.
Ao dizer cerra os dentes...  Sussurra tímido
"Salve em mim alguma poesia”.

Menino de olhos pedintes e mente canina,
Para ti apenas breve prosa de observar.

Enquanto acaricia suas melodias sujas,
Estarei do outro lado
Em afago de ternura e fuga.

Quando romper madrugada
Sem inspiração de universo,
Lá estarei para o reencontro
De verbetes não-poéticos,

loucos e risonhos
por alguma percepção aflorada
Seremos o dedilhar de mistério maior.

Meu menino que se mata toda noite...
Descansa seu suicídio nos versos.
... Eu nunca poderei ceder aos fatos...

Descalça minhas palavras e cante
Canto qualquer no inferno...

Saudade e útero
Resto, filho,
Em meu desejo-nobre,
Assexuado e materno.

By Camila Passatuto