Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


domingo, 31 de julho de 2011

Existência 2.3 – Chegada ao cais.

Chego ao dia de hoje com o cansaço de uma vida montanhosa, a trilha são as portas que deixei de perceber; então toque em minhas maçanetas com carinho, desamor.
Chego ao dia de hoje com a respiração falha, com o coração sem potência, com a mente em torre de babel, os olhares sem foco no objeto que navalha-te... Estou cansado, minha menina... Estou cansado dos dias após dias... Embora jovem, o peso dos versos envelheceram-me e me apoio nas bengalas continentais do querer...  
Escondo sob os panos íntimos algumas verdades de folhas, adquiri um sorriso amarelado no canto da boca, talvez cigarro ou apenas uma força da tristeza querendo brincar de satisfação.
Ganhei algum poder místico, durante o que não tive... Nada especial para mim, mas aos desesperados um pouco de magia ao tocar em minhas mãos... Salvam-se e me perdem em loucura que mergulho de fobia e morro nos sonhos alheios da covardia do inimigo, eu peço calado que a confusão literária te acoberte, minha alma.
E chego ao dia de hoje, quase não chegando... Fico no passado como prova de contentamento, que um dia fui sorriso e medo pequeno. Chego ao hoje sem boa parte de mim, um terço nas mãos dos santos, um terço no batismo do regalo e o que sobra ficará no que é... Algum dia chego sem nada de mim, talvez o dia mais feliz, ou apenas o meu esquecido fim.

By Camila Passatuto

2 comentários:

Ricardo Novais disse...

Bom é chegar a algum lugar, embora bom mesmo seja chegar a lugar nenhum.

Muito bom os teus textos, instigantes!

Beijo,
Ricardo.

Yuri Padilha disse...

Hoje, e quando o 2.3 for 3.2, chegaremos sem boa parte do que queríamos ter sido e não somos, mas somos o que estamos. E se felizes (não quero dizer satisfeitos), acabamos.

http://bodegadopadilha.blogspot.com/