Biografia da Autora
Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).
Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Jaz (Corpo Poético)
O que jaz,
O que traz,
O que o corpo ainda suporta.
Adentrando fria
Cada centímetro
De dor, rancor,
De palavra na derme, escrita.
Verso neófito.
Verme,
Verte em nós
Arte livre em necrópole.
O que jaz,
Poeta,
É o que traz... Em ti...
Ferida, assim, imposta...
By Camila Passatuto
domingo, 13 de junho de 2010
Haicai Noturno
mas estou noite.
Loucamente estrelada...
Que a lua me açoite.
By Camila Passatuto e Evandro Gomes
sábado, 12 de junho de 2010
Pedido
Ninguém está aqui para escrever o que parece estar escrito.
Não estou aqui
Se pareço presente é para talvez ser eterna n’algum tempo.
Não escrevo
Tudo o que se diz palavra é fundo sentimento.
Não pense errado
Não me digo em canções, não me afirmo em sonetos... Nem nada.
Não maltrate, nem beba veneno
Leia e perceba qual encanto nutre seus olhos, depois apareça, me conte.
Não ligue para os primeiros versos
Sempre a segunda linha que mira tua alma é fagueira, sorrateira... Envolve-te.
E Ninguém está aqui para escrever.
Escrita é uma coisa,
O que faço é outra.
Permito que seja efêmero o que digo.
Se te pertence,
Canta.
Leva contigo,
Mas cante para sempre.
Caso contrário
Mata o que inspiro.
By Camila Passatuto
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Vale do Diabo
Onde surge poesia.
É cada passo adiante, um olhar focado por ali mais distante, não repara... É reparado, moldado e enfeitado de acasos.
Segue o poeta. Passarelas e teatros municipais ilustram a pintura cinzenta que oferece a quem vê, a quem lê... A quem sabe poesia, a quem vive por entre espíritos rodantes e moradores do vale do diabo.
Poeta Anhangabaú, triste de nascença. Sorri com olhar quebrado, tem medo do escuro, porem navega no breu das entrelinhas.
Sabe-se. Duvida-se. Pergunta-se. Mente-se.
De meias palavras. Inteiras mulheres. Repleto de espírito.
Move-se inconstante por simplicidade depressiva, alegria efusiva, amores singulares, amor de vida, amor de morte... Poeta Anhangabaú, senta nas escadarias da Praça Ramos de Azevedo, sem papel, sem escrita e faz da solidão e do mistério a mais sensata poesia. Para os transeuntes, para os negros felinos, para os leprosos e meninos.
Mais (r) adiante. A galeria.
De quantas melodias se compõe uma vida, sua dissonante vontade exige passos tímidos por entre jovens coloridos.
Rolante. Escadas. Guitarras.
Poeta distraído faz um verso sem querer entre as pernas da garota. Saia justa, texto amplo e sua mocidade não tradicional o expulsa do fatídico local.
É na rua. Poeta procura a musa. Tão distante. Inferno de Dante.
Rua úmida. Capital escura.
Poeta Anhangabaú, sozinho, doentio, vestido de palavras... Nu de razão.
Poeta Anhangabaú. Seu. De meias palavras, de palavra nenhuma, de verbo deslocado e do sempre vale do diabo.
By Camila Passatuto
domingo, 6 de junho de 2010
Poeminha Feio
Vou ser simples em meus versos,
Vou ser o que estou... Verso triste.
Um pedaço de saudade, verso livre.
Um imenso de amor, verso, verso...
Tanta coisa para falar,
Mas quer silêncio.
Sou de som,
Sou de falar quando estou triste.
E o verso fica descabido no poema
Fica feio
Fica como estou
Jogado e assustado.
Não tem rima, não.
É simplicidade de poema.
Não tem forma.
É conteúdo triste de poeta.
Ah! Eu devo gritar por você,
Pedir aos deuses algum licor.
Clamar o quê? Nada mais de dor?
Fica feio...
Vou caminhando em versos simples
Sem métrica
Sem nada de pensar
É só sentimento... É amar.
Fica feio,
Devo por arreio nisso tudo.
Mas talvez depois...
Quando isso em mim se for.
E se o verso fica descabido,
O que cabe a mim?
Digo que sofro?
Mas fica feio...
Chama poeta de chorador
Inventor de palavras
Dramático velho
Desajeitado sonhador.
E assim vou
Triste, desbravador e assumido
E assim fico
Feio, meio ao meio... Esperando abrigo.
By Camila Passatuto
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Musa
Tu és forte demais para minhas palavras, onde te coloco, quebra um verso e liberta um sentimento. Por que faz isso? Por que és em minha vida o que demais amo, o que demais tenho fé, por que é em mim o que demais reluz, o que demais vive...?
E pelas ruas quem me vê sabe que tu és o que demais me move, o que demais foge... Entre meus passos... E tu és caminho demais que se encontra com minha estrada de terra... Tu és o que digo e o que calo. Tu és poesia e quando quero és apenas o que quero.
By Camila Passatuto