Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


domingo, 30 de maio de 2010

Cor

Cor de pele é coisa estranha
E qual a cor da sua alma?
Cor do olho enfeitiça
Mas qual a cor da sua alegria?

Ver o que é
É quase mentira
A verdade, crua e quente...
A gente sente.

Seu dinheiro é azul,
Sua necessidade é negra
E quem vê o sorriso
Engana-se, é infeliz...

Não basta nada disso.
Evidências,
Ver o que é
É quase mentira.

Então, corro apressado
Quero seus olhos
Olhando o que sou
E sentindo o que não vê.

Cor de gente, nem sempre,
Nem sempre é bonita,
Mas a minha com a sua
É coisa mais divina.

O governo tem cor,
A cor da desilusão
Dos sonhos que tivemos...
Acabaram... Com gente sem um tostão.


Então, corro apressado
Quero seus olhos
E não ver as lágrimas
Quero sentir abraço.

A poesia chega ao fim,
Sem cor na roda das cores.
Branca e solene...
É poesia simples, é coisa da gente.

By Camila Passatuto

domingo, 23 de maio de 2010

Coisas Nobres (Samba)

Recuso qualquer coisa,
Vou lá fazer uma fé
No jogo de algum bicho
Ou no samba do seu Zé.

E se você aparecer
Logo arrumo um trocado
Te levo para um canto
E vamos beber um bocado.

Recuso qualquer coisa,
Só verso assimétrico que pode.
Só que hoje bateu desespero,
Mas vamos beber e nada de bode.

Caso caia da polícia aparecer,
Não se preocupe.
Sozinho eu te protejo,
E larga essa coisa de trupe.

Vou lá fazer uma fé
Se ganho, pode crer
Vai ter muita grana
Só pra mim e pra você...

By Camila Passatuto

sábado, 22 de maio de 2010

Fome, poeta.


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Pela calçada quebrada, são meus passos,
Na cabeça do matador, são meus rastros.
Os doentes que esperam não me leem, não.
E famintos que esperam não te condenam, são.

Pela mesma situação, eu escrevo e você lamenta.
Quais atos valem e rege qualquer rima, poema...?
Que a escrita seja liberdade, mas para quem?
Que seu calibre seja vida, mas para quê?

Venham, pobres, poetas,
Pensadores de desconhecidas razões.
Abram alas para esse povo
Que de grande só tem o coração.

Pela calçada quebrada, são meus passos,
Pelo folhear de páginas, olhos descalços
Que sentem na alma o poder de cada verso.
E famintos que me esperam não me condenam.

Venham, pobres poetas!
Venham, assassinos!
Venha quem tem fome de saber se tem arroz,
Poesia e prosa. Comam, sonham e digiram só depois...

By Camila Passatuto

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ser


Pulo da paz à guerra em um segundo, sou impassível, sou duelo de civis em nação de escravos, de coitados e poderosos reis.

Pulo do amor ao ódio em um segundo, sou imperfeito, sou sentimento pesado demais para quem tem medo de verdade da verdade.

Ah! Sou mais que o vento quando tu estás aqui, sou tempestade de alegria. Ah! Sou temporal violento em seus braços, sou assim... Chuva forte, lágrima suave...

Ninguém pode acalmar minha tristeza, ninguém pode calar minha alegria e nem abafar meu amor... Sou assim... Implacável.


By Camila Passatuto

domingo, 2 de maio de 2010

Obra Minha

Uma obra incompleta.
É o que estava jogada no sofá,
Olhos descontentes,
Simples e carente.

Viu-se manchada
Das cores de um dia
Em praça, em graça
Descontente, irritada.

O ar pesado incomodava
Corpo forte
Alma fraca
E o que pedi foi quase nada.

Venha. Seja
Obra que meus dedos
Inquietos
Dedilham.

Transformo em ti
Tudo em nada.
Medo
Agora é risada.

Viu-se manchada
Das cores de um dia
Em praça, sem graça
Suspirando apaixonada.

By Camila Passatuto