Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Conto de criança n°1


A tarde toda brincando, o sol vai se escondendo e perdendo a sua força, mas parece que nós crianças vamos ganhando uma energia que vai e se multiplica com o passar das horas. Sempre a esse horário tem gente voltando da escola. Ah! Escola. Eu acho engraçado o pessoal mais velho da escola, eles são diferentes da gente. Nós não andamos em bando, apenas brincamos com todo mundo, fazemos amigos com facilidade, um pega-pega e uma brincadeira de esconder e pronto, amanhã nossa turma muda ou entra mais gente, é um eterno renovar.
Nesse brincar as pessoas acham que não, mas, fico reparando as pessoas que passam pela rua. Olham a gente, acham engraçado, uns velhacos reclamam do barulho, os bêbados até querem entrar na brincadeira, mas temos medo e fugimos para o outro lado da rua.
Nesse meu reparar de pessoas um dia me surpreendi, se surpreender é que nem se engasgar com calda de pêssego, a gente se assusta, mas é gostoso. Mas voltando ao meu surpreender... Minha surpresa foi uma moça que mora aqui por perto, nunca havia visto uma pessoa tão diferente, diferente do modo bom. Ela anda com os pensamentos altos, tão altos que eu penso que posso ouvir. Corro para o seu lado e pergunto seu nome, com um olhar que mistura desprezo e carinho, ela responde: Monick. Monick poderia ser minha nova amiga, poderia brincar com a gente, ser mais uma no meu renovar de turma. Mas a Monick já é grande, grande como um dia eu vou ser, ela é misteriosa e tem o olhar mais misterioso que eu já vi. Ela nunca conversa muito quando eu a vejo passando por aqui, talvez seja tímida, tímida como eu sou quando mamãe me manda dar beijo nas visitas. Será que sou que nem visita pra Monick? Bom, a Monick é grande, mas pra mim só é grande de tamanho, ela é criança feliz, eu sei. Mas criança não usa brinco na boca e nem tem desenhos pelo corpo... A Monick tem tudo isso, todo mundo fala que é moderno, eu só acho muito bonito o modo como aquele piercing, como é chamado o tal brinco, brilha e faz com que eu não entenda como alguém consegue comer com aquilo, vovó sempre diz que gente do mal que usa isso, mas a minha amiga Monick não é do mal, ela só usa brinco na boca e eu acho muito bonito.
A minha amiga Monick, eu acho que ela é minha amiga eu gosto muito dela e amigos sempre se gostam... Não sei se ela gosta de mim, mas toda vez que estou na rua e a vejo chegando da escola eu corro pro lado dela, dou um grande abraço e falo para meu amigos: gente essa é a Monick. Ela fica vermelha de vergonha e parece não entender minha reação... Ah! Mas eu só quero que ela entre para a minha turma, para o meu eterno renovar de turma.

By Camila Passatuto

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