Biografia da Autora
Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).
Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Pra lá
Goza das lágrimas e as palavras nascem...
Morre um pouquinho a cada segundo, mim.
Descalça os causos e olha as mentiras, sim.
Chorar é criança que nasce sem saber que é noite.
E dou a luz a cada descoberta, a cada frio, é noite.
Não acreditei quando no sonho me mostrou, noite.
Morre um pouquinho a cada segundo, morra, noite.
Desgosto de sangue na pele, então ela cai e chora.
Menina que cresceu e mulher que escreveu, chora.
Não faz sol e o sofrer intensificou um querer de dor,
Recebo com a força de quem quer vingança e choro.
Um poeta não escreve nada além do que sofre, do que ama ou odeia, do que tem medo ou desejo, do que é utopia ou amargo licor...queria fazer algo que fosse para lá de tudo isso, que não necessitasse do consumir da minha carne, mas para isso eu precisaria estar para lá da vida.
By Camila Passatuto
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Blá blá blá (?)
Porque agora eu sei: É de incertezas que é feito cada passo de futuro.
sábado, 28 de novembro de 2009
Precípuo (Amour Moderno Amour)
Tem jornal, tem a alma de alguém circulando,
Tem música e tem dinheiro que não é seu, não.
Alguém joga uma pedra e de quebra acerta...
Tem sangue esperto escorrendo pela testa,
Pessoas curiosas com vozes de mosquitos,
Vendedores ambulantes oferecem soluções.
Alguém coloca uma meia suja e estanca, dói.
Os carros não param de passar, o sangue cai.
Meninos com pés negros conseguem moedas.
Tem alguém mexendo no meu bolso, é tarde.
E quem pode salvar, tem música e tem ar...
A cidade corre corre sem se importar comigo
E se você passar, e se você lembrar que agora
Ninguém tem tempo, seu minuto, minha hora.
E quem salva?
Tem sangue meu que escorre e a minha menina que para me salvar corre.
Corre e chega, olha e chora, beija e me ajeita.
Olha o céu como tudo está vermelho, eu vejo.
E seu olhar faz tudo parar, não tem carro, não.
Os mosquitos não foram embora, tem calma, tem alma...
E seu olhar fez tudo passar, vida minha agora vai acabar.
Alguém jogou uma pedra de incerteza e de sorte, é morte.
Menina minha chora sem querer continuar, me olha, me olha,
Coloca minha testa no lugar, seus seios se molham do meu sangrar.
Ah, e como escorre esse gozo de vida
Sua voz vai e vem, chamando-me
Mimando-me
Salvando-me
Corre e chega, olha e chora, beija e me ajeita.
É cidade, minha menina, perigosa demais...
E vou caindo de mansinho em seu colo, atirada no chão.
E vou me deixando morrer em seus braços e vou indo... Indo...
Quando escuto o seu clamar de milagre
Ah! Como eu queria ficar
Mas e hora de ir e deixar
Minha vida vai se indo
Vendedores ambulantes oferecem soluções
Meu corpo desfalece em seus braços
Um trovão de natureza anuncia a tal tristeza
Vou-me indo e te deixando, alma minha vai chorando
Teu abraço vem mais que apertado contra meu corpo
Corpo inexato
E não tem mais sangue
Apenas o crime infame
Tem jornal, tem a alma de alguém circulando,
Tem música e tem dinheiro que não é seu, não.
E tudo volta pro lugar, nada mais a se preocupar
Vozes de mosquitos voltam a falar, outro assunto...outro lugar.
Eu e você ficamos ali
Jogadas em um canto da cidade
Eu já sem a alma e você sendo apenas lágrimas.
E quem salva?
By Camila Passatuto
sábado, 21 de novembro de 2009
Poesia Matinal
De tão real, eu deixei escapar seu nome com o soar da minha voz matinal, pensei que estivesse realmente ao meu lado despertando minha sonolência de mim. Te chamei mais uma vez e sorri, sabia que estava velando por mim, não sabia que era delírio, só entendia a sua presença certa aqui em nós.
Te senti mais um pouco, recordei aquele cheiro, aquela textura e o nosso silêncio.
Seu corpo ainda vinha contra o meu quando abri os olhos e nada vi, mas tudo sentia.
E sentei na cama, delírio maior foi fechar os olhos e poder escutar sua voz que recitava algum texto que nunca pude ler. E nessa hora que começo a ter medo de mim. Medo das necessidades, mas quem não necessita?
E delírio maior foi tentar dormir novamente, e delírio maior foi o queimar de corpo, a procura por um pedaço de você...
E só de olhar uma fotografia, e sentei na cama, e me perguntei se a vontade de chorar era algo infantil ou apenas uma fortaleza arcaica de mulher.
De tão real, eu deixei escapar seu nome e minhas lágrimas.
E não consegui mais nada, levantei e como quem sempre ama, comecei a te procurar pela casa, porque para mim eu acordei com sua lembrança roçando minha pele e você deveria estar em alguma parte da casa, esperando eu te encontrar.
São duas árvores
Mas olhe
Por mais fundo
Eu vejo
Emaranha
E existe
Há
Uma só
Só uma
Uma só raiz.
Água
Falta
Mata
Uma
Mata
Logo
As duas.
Marginal amor
Sempre correto
Nunca mais foi
Eu permaneço
Como sempre
E queima
Você entende?
É infantil
É tão maduro
É o que sinto
Para você
Simples
Fácil
Leve
Leve-me
Para você
Sou infantil
Sou tão maduro
Como sempre
Para você.
By Camila Passatuto
sábado, 7 de novembro de 2009
La Paix
By Camila Passatuto
sábado, 31 de outubro de 2009
Mot
Já me falei e não me entendi...Agora, refalo, reinvento as palavras para encontrar alguma que me anime...Sempre existe uma que me levanta...Então sento e espero por ela...Espero.
By Camila Passatuto
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Ser
Mãe; quero fazer da palavra o que vou comer, quero assumir paixões, provocar o poder, inventar pátios de colégios e crianças rosadas. Desejo percorrer cada vez mais fundo nessa minha mente estranha e inacabada, achar monstros pré-históricos, deuses modernos e solidões comunitárias. Vou dedilhar e todos escutarão minha desajeitada melodia, um tec tec, o soneto que conto e conto seus versos, poesia e matemática, vou humanizar tudo isso, vou ser escritora de almas, compositora desapropriada, certa no que nos convém.
Mãe, ser jovem é ser isso, não se assuste, eu quero e tenho muita fome de tragar alguma coisa que vai lembrar Poe e me fazer gritar Huxley. E os olhos manchados dos que estão por aí vão ser inspirações que entrarão por esses poros úmidos e fecundarão em intelecto perigoso, em soma em soma, em suma...vou fazer sonhos, transformar o mundo, mãe. Da desilusão vou fazer poema, do choro do homem sozinho vou fazer respirações pararem, da criança morta no tapete vai renascer emoções e ensinarei o amor. Mãe, vou mudar o mundo, vou ser o que sempre sonhei. Vou escrever a história que os homens querem viver, vou ser isso que se lê, vou ser a pequena e eterna: palavra.
By Camila Passatuto
sábado, 24 de outubro de 2009
Verdadeu
Gosto de não dar conselhos, conselhos sempre são falsos, risos sempre acomodados em interesses. Gosto de cuspir sinceridade, fazer chorar e nascer realmente em felicidade. Ah! Como é bom ser nonsense, viver aqui como sempre, aqui em corpo, em mente... Só posso entrar, as chaves se perderam, entre pela janela como vândala e escorregue na simples palavra não dita. Gosto de tudo que não tenha o brilho inicial como maior destaque, me atiça alguma dor que me faz poeta, uma história que cative minha imaginação, um sofrer que vou curar com amor.
E tudo se abafa, quando companhia é palavra escrita. E tudo vai se repedindo, filme mal feito, reprise sonsa, mas vamos reinventando um novo roteiro para as mesmas cenas, e um novo fim para a mesma seqüência. Gosto de ser essencial, quem não pode oferecer que me mate antes de jogar quem escrever ao lixo, insuportável.
Gosto de não ser, morrer um pouquinho e esquecer-se de lembrar, imaginar. É, gosto de apenas não gostar dessas coisas bem feitas. Gosto de ser assim, verdadeiramente Eu.
By Camila Passatuto
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Observações 1
domingo, 18 de outubro de 2009
Desajeito
As pessoas sempre tão as mesmas, sempre tão pessoas. Não existem mais anjos pelas ruas e eu quero ir embora daqui. Sentir-se deslocado no seu próprio ninho, pobre passarinho...Mas chegou a hora de querer dar a cara a tapas e florescer em outro jardim, talvez no seu jardim.
Não escutar o que a voz irritante tem a reclamar e a me desanimar. Não escutar o que tem a me humilhar e a me deprimir.
O peso disso tudo me esmaga, o cansaço do mesmo quarto, do mesmo correr de horas dos últimos 18 anos nesse mesmo incomodo lugar que me possui por desajeito de destino.
Isso não é mais meu, eu não sou mais disso...agradeço pelo ar que sempre tive aqui, mas hoje ele é escasso, o pouco que resta me conforta aos soluços.
Tudo me leva em lágrimas, não é tristeza...é desajeito de viver. Quando se descobre que não é mais isso, que seu tempo não corre mais aqui, sua alma pede outro reino, outro estreito de penar para voar.
A salvação vem de você, toda esperança que ganhei no cair de um olhar eu levo aqui comigo. E não importa o quanto de desespero queira nascer em mim, só preciso correr até você e renasço com a obrigação de ser feliz.
By Camila Passatuto
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Não!
sábado, 19 de setembro de 2009
Tanto
domingo, 13 de setembro de 2009
Correspondência Poética
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Conto de criança n°1
sábado, 29 de agosto de 2009
Nascer
Tudo começa a voltar a ser só metade, a ser um inacabado pensamento, um desfeito final... Sua abstinência machuca mais do que qualquer vício, coloca em ruína a concepção de qualquer projeto melodramatizado.
Não acontece, seu corpo sobrevoa, suas perguntas esqueceram do contexto, o seu contexto fugiu por alguma brecha da cabana. Procura telefones, investiga sobreviventes de sua amnésia momentânea; o que acha é apenas trapos de destinos possíveis em sonhos que desdobram por ali.
Ao clamar um nome, seu corpo cansado descansa de esperança, alguma salvação pode entrar pela porta, um anjo destemido e sem pudor. Ao permanecer diante de realidade, se assusta, imagina, replica... O anjo chega sem perguntas, o liberta de sua moralizante dor. Ao reclamar um nome, sua alma descansa cansada de angústia, nenhuma atormentação pode o tirar dali, um anjo destemido zela por ele.
By Camila Passatuto
sábado, 22 de agosto de 2009
Julho Breve*
Minha presença, junto com a dela, desfalecia em pleno inverno tropical. Eu voava, ela talvez estivesse imersa em sonhos ou sofrimentos, mas eu voava na imersão da garota e não importava qual fosse, eu sei que estava ali, em lugares que nunca percorri, mas ela me guiava com a respiração e me protegia com o simples não querer de acontecimentos.
By Camila Passatuto
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Fobia Minha
Não quero me afogar. Sentir. Conter-me de água, não quero me desesperar quando começar a afundar. Sentir e ressentir esse medo, quero sair seca do excitante mar de desarmonia que formou ali por adiante de meus pés. Pés úmidos, as lágrimas caíram, me molhei de mim, me afoguei de eu.
O desespero ainda toma conta, como um pai atencioso toma conta de sua ninfa desprotegida. A água chega e me transcende de mim, me excita com a fobia de densidade, com essa física de números racionais e com a vida submersa que me deseja.
Tenho medo e procuro no espaço atemporal uma escrita que não confunda, mas que não se explique, que não me desaponte, mas é tarde...a água bate no peito, e tudo me aperta, a água invade o nariz e meus pulmões e tudo escurece. Não mais grito, não mais evoluo, não mais, nada...
E acordo. É sonho ruim. É tempo bom para aprender a nadar.
By Camila Passatuto
domingo, 9 de agosto de 2009
Escrita de saudade
By Camila Passatuto
domingo, 26 de abril de 2009
Escrita 1802
Então, se algum dia sentir falta de algo, eu peço...tire de mim e se satisfaça por inteira.
Seu sorriso é o que me faz realmente feliz.
Hoje te ofereço toda a luz que emana, todo bom sentimento que minha alma possui; possui graças à você.
Hoje se sentir frio, leve todo o meu calor, mas sorria.
Se sentir medo, leve toda minha coragem, mas sorria.
Se houver lágrimas, leve todos os meus gestos carinhosos, mas sorria.
Se quiser gritar, pegue toda minha revolta, mas grite, mas mude, mas...sorria.
Se desejar cantar, leve meus discos e cante e dance sem vírgulas sem medo sem portas.
Se quiser amar, me leve em seus braços, caminhe comigo, me ensine, deixe tudo acontecer.
Mas sorria comigo.
Seu sorriso é o que me faz realmente feliz.
Então, receba todo o meu amor, se é piegas...se é muito fora de moda expor assim nossos sentimentos, não importa. Conselhos, conselhos, conselhos, conselho.
Todos somos meramente individualizados em corpos, mas leve minha alma, misture com a sua, nos faça e refaça, construa, brinque, sonhe e misture novamente; mas, meu amor, sempre sorria.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Feito para ler.
Parar de escrever e fazer o que tem que ser feito, pensamentos alternados e um esquecimento do recente minuto, dez coisas para administrar e um sentimento de descaso com o mundo. Um minuto depois...A revolução é a solução, mailing de influentes jornalistas, então só enviar a proposta já aceita, mas decorre em segundos a decepção de ser uma fatia de nada no livro dos desprazeres mundanos.
O que planejei para hoje? Deixar a memória e ler um livro...Cinco páginas e a concentração é inexistente. Escrever, mas esqueço a função da morfologia, não entendo os códigos e sou incapaz de formular uma frase.
Mais um minuto e desisto da respiração, interessante seria vegetar em área plana e analisar o que parece que nunca ouvi falar, porém sei na ponta da língua o que antigos sábios escreveram. Os espíritos sobrevoam, alguns se mostram grandes demais e o susto passa entre os vãos tímidos do éter.
Levanto e na sala me acomodo no sofá, mudo os canais...grito: Parem, existe algo errado...Mas deixe-me descobrir o que é.
Um copo d’água, passos para a cozinha, o líquido desce suave, retorno para sala e o controle some, estava entre os dedos, mas fantasmas existem, caro leitor.
No quarto a euforia toma conta, mas depois ela passa e me joga na mesmice sensação de embriagues autodidata. O ofício condena, então vago entre palavras tentando entender o que posso fazer para salvar a alma inquieta que o meu corpo abriga.
Abro os olhos, fecho as janelas...repenso em outra escrita, escrevo e a calmaria toma conta.
E agora o que resta é amar.
By Camila Passatuto